9.3.11

Estilhaçamento

Em Cemitérios, Jazigos e Sepulturas, Vítor Manuel Lopes Dias, baseado no trabalho de Leite de Vasconcelos, lista as diferentes modalidades de eliminação de um cadáver utilizadas por diferentes culturas.

Segundo o autor, esses métodos são:
  • Abandono;
  • Imersão na Água;
  • Exposição em Plataforma;
  • Inumação ou Enterramento;
  • Queima;
  • Mumificação;
  • Escarnificação;
  • Canibalismo;
Na Suiça foi recentemente desenvolvido um novo método, o mais verde de todos: o estilhaçamento*.

A proposta podia ter sido inspirada numa das cenas finais do filme Exterminador Implacável: O Dia do Julgamento, onde T-1000 (interpretado por Robert Patrick) é destruído temporariamente com recurso ao congelamento por nitrogénio liquido e, com um tiro, acaba estilhaçado sobre o asfalto.

A proposta da empresa suíça Promessa é essa mesmo: congelar os cadáveres em nitrogénio liquido e estilhaçá-los em seguida.

O impacto ambiental dos métodos tradicionais de eliminação de cadáveres é enorme, seja por inumação ou cremação, mas esta nova técnica permite praticamente anular esse impacto.

O método é complexo e composto por diversas etapas:
  • O corpo é arrefecido até aos -18º e posteriormente mergulhado em nitrogénio liquido, que o torna quebradiço.
  • Recorrendo a ondas sonoras, o corpo é estilhaçado, transformando-se em pó.
  • Seguidamente, o pó é colocado numa câmara de vácuo que faz com que a água se evapore imediatamente (cerca de 70% do nosso corpo é água).
  • O resultado da operação anterior é matéria orgânica, peças metálicas (pacemakers, chumbos dos dentes, parafusos médicos, etc.) e mercúrio.
  • O metal é separado da matéria orgânica através de um separador de metais e, se necessário, o pó pode ainda ser desinfectado.
A proposta da Promessa passa pela utilização de um caixão de amido de milho que deve ser enterrado num local adequado e permitirá que o corpo se transforme em composto num curto período que pode ir de seis a doze meses.
Existe ainda uma explicação ilustrada na página da Promessa.

Será curioso, daqui a algum tempo, perceber a aderência que este novo método terá.


*Uma vez que não existe ainda uma expressão em português para este método, decidi traduzir desta forma.

2 comentários:

  1. Na banda desenhada do Neil Gaiman, Sandman, é referido outro tipo chamado funeral aéreo ,"sky burial":

    http://www.comicoo.com/sandman/Sandman55/images/Sandman_55_p08.jpg

    http://www.comicoo.com/sandman/Sandman55/images/Sandman_55_p09.jpg

    O funeral aéreo, vim a saber depois, é praticado no Tibet:

    http://pmgtg.com/burials-in-tibet-not-for-sensitive-souls/
    Este link (tal como está indicado) contém imagens que podem ser chocantes.

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  2. Caro zrthvn:

    Das minhas leituras sobre esse método, parece-me seguro dizer que o "enterro aéreo" praticado no Tibet poderá - seguindo as definições apresentadas por Vítor Manuel Lopes Dias e Leite de Vasconcelos - enquadrar-se na categoria de abandono que tem como objectivo dos praticantes o consumo da matéria orgânica por parte de predadores (neste caso, predadores vindos dos "céus"). Com efeito, o enterro aéreo tibetano é o mais conhecido, mas está longe de ser o único: no Próximo Oriente, como no Irão e regiões limítrofes, praticava-se o abandono dos cadáveres nas chamadas Torres de Silêncio, estruturas cilíndricas, sem cobertura, nas quais as aves de rapina entravam para se alimentar da carne morta.
    Segundo os autores, o abandono também era amplamente praticado nas zonas de floresta tropical Africana, na Indonésia e Indochina (Vietname, Laos e Cambodja).

    Será também alvo de um post futuro a "diamantização"; no entanto, este método não é uma técnica de eliminação de cadáver, uma vez que é executada sobre as cinzas do falecido (cremains), ou seja, a técnica - propriamente dita - para eliminação do cadáver continua a enquadrar-se nas já listadas; neste caso, a queima.

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