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28.10.20

Dia de Finados

 Dia 2 de Novembro é Dia de Finados ou Dia dos Fiéis Defuntos. 

Em Portugal, o dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos, é feriado religioso, uma data que remonta aos primeiros séculos da cristandade, quando se sentiu a necessidade de celebrar todos os santos conhecidos, mas também os desconhecidos, as pessoas que viviam a sua vida de acordo com o Evangelho, anónimos, mas cumpridores de todos os preceitos da fé. 

02/10/1921 - Cemitério dos Prazeres
(Foto: Salgado)

Na versão mais popular, costumam dizer que os santos já eram tantos que não havia mais dias livres para dedicar a cada um deles e, por isso, criou-se um dia que dedicado a todos.

A verdade é que, em Portugal, o dia 1 de Novembro acaba por ser dedicado à celebração antecipada do Dia de Finados, que se celebra a dia 2 de Novembro. Desconheço o motivo pelo qual o dia escolhido para feriado foi o Dia de Todos os Santos e não o Dia de Finados, como acontece no Brasil, por exemplo.

02/10/1921 - Cemitério do Alto de São João
 (Foto: Salgado)


Seja como for, 1 de Novembro, é dia de romaria ao cemitério. 

Muitas famílias portuguesas aproveitam o feriado para visitar "a terra", as vilas e aldeias de onde a família tem origem, onde por vezes ainda estão os avós e os tios mais velhos, em alguns casos, os pais e os primos. Visitam a família e, juntos, vão ao cemitério, limpam as sepulturas, põem flores, mostram bisavós em retratos de esmalte a crianças que mal sabem andar, contam-se histórias e fazem-se queixas do preço das flores, da falta de visitas, do tempo que corre e não se aproveita, conta-se do vizinho que, este ano, faleceu. 

Nas cidades a prática ainda é seguida, mas a sepulturas temporárias e as cremações levam as famílias a outros rituais.


Este ano, o dia 2 de Novembro é, também, Dia de Luto Nacional.

Alguns de nós não irão celebrar este dia da mesma forma dos anos anteriores, mas podemos sempre lembrar os nossos mortos, onde quer que estejamos: as histórias, as memórias, os cheiros e o som da voz. 

Aos nossos mortos.

02/10/1921 - Cemitério dos Prazeres
(Fotos: Salgado)

31.10.11

Dia dos Fiéis Defuntos

Com o início do mês de Novembro aproximam-se duas datas que aparecem associadas aos cemitérios e à Morte; uma de modo correcto e a outra por engano ou necessidade: o Dia de Todos os Santos e o Dia dos Finados ou Fiéis Defuntos.
Existe alguma confusão identitária entre o Dia de Todos os Santos e do Dia dos Finados; talvez originada pelo facto do dia 1 de Novembro ser feriado e a maioria da população aproveitar a circunstância para visitar os cemitérios, embelezar e limpar campas, de acordo com o costume do Dia de Finados.
Na verdade, o Dia de Finados é dia 2 de Novembro, sendo que a 1 de Novembro se celebra o Dia de Todos os Santos - são, realmente, celebrações diferentes.

O Dia de Todos os Santos foi instituído para celebrar os todos santos da Igreja Católica, tendo sido criado quando se constatou que o número de santos e mártires era já superior ao número de dias do ano, o que impedia a atribuição de um dia específico a cada novo santo. Todos os dias do ano são dedicados a um determinado santo, de tal modo que ainda hoje há pessoas que recebem o nome de acordo com o santo que é celebrado no dia do nascimento (ou que recebem prendas no dia do santo de seu nome, mesmo nascendo em dia diferente).
Por este motivo, a Igreja definiu um dia em que todos os santos são celebrados, independentemente de terem um dia específico ou não.
Aliás, foi desta celebração que apareceu o nome Halloween, atribuído ao dia 31 de Outubro, outrora designado All Hallow's Eve: a véspera de todos os santos.

O dia 2 de Novembro é o reservado aos Finados.
Existem várias versões sobre a origem desta dedicação, mas as celebrações católicas associadas aos mortos começaram durante a Idade Média, quando a ideia de Juízo Final foi alterada.
Inicialmente considerava-se que os mortos ficavam num estado em que as suas almas se encontravam como que adormecidas, sendo que seriam "acordadas" no momento do Juízo Final, onde seriam julgados e posteriormente enviados para o Paraíso ou para o Inferno para toda a eternidade.
Durante a segunda idade média, esta prespectiva foi sendo alterada passando a conceber-se a existência de um julgamento imediato aquando da morte. Findo esse julgamento, onde mais do que o peso das boas ou más acções durante toda a vida era tida em conta a forma como essas acções eram encaradas pelo defunto, a alma seguia no imediato para o Paraíso ou para o Inferno.
É então criado o conceito do Purgatório, um local onde as almas dos mortos que não são maus o suficiente para ir para o Inferno, mas que também não são bons o suficiente para ir para o Paraíso, ficam em penitência para, com a ajuda das orações do vivos, conseguirem finalmente aceder aos Portões de São Pedro.

É esse o mote que transforma a Morte num negócio rentável para a Igreja.
Não só cobram os enterramentos ad sanctos (uma vez que a prática era "proibida" e, consequentemente, era necessário pagar um valor para a proibição ser levantada e a inumação ocorrer no interior das igrejas), como a participação nas procissões fúnebres e as diversas missas pelas alminhas dos defuntos.

As missas e orações pelas alminhas dos defuntos estão na origem do culto das alminhas, que esteve muito em voga no nosso país a partir do século XVI.
São inúmeras as capelinhas-oratórios que existem espalhadas na berma nas estradas nacionais ou nas esquinas de ruas de vilas e aldeias, funcionando como lembretes a pedir orações pelos mortos presos no Purgatório. Normalmente, são figuras humanas ou anjinhos, talhados em pedra, madeira ou delicadamente pintados em azulejo; por baixo das imagens pode ver-se um P.N.A.M - sigla que também é muitas vezes encontrada em campas de cemitérios católicos - e que significa Padre Nosso / Avé Maria, recordando as principais orações esperadas.

Diferentes culturas têm diferentes abordagens ao Dia dos Finados.
Na sua base está a raiz europeia, que dita que as pessoas se desloquem aos cemitérios, enfeitando e limpando campas, mesmo que algumas delas tenham já perdido o hábito de prestar o tributo das orações. Em algumas culturas essa celebração, em contacto com costumes locais igualmente antigos, converteu-se numa celebração diferentes.
Talvez a exemplo mais flagrante das diferentes abordagens é a forma como o sombrio Dia dos Finados é transformado na festa do Dia dos Mortos, no México. Oferendas de caveiras de açúcar exuberantemente enfeitadas, pães, bolos, bebidas são deixadas nas campas de familiares e amigos, em vigílias animadas e cheias de recordações.

Independentemente das diferenças, o Dia de Finados é o dia por excelência para recordar aqueles que já partiram.