1.4.11

Jóias de Luto do Século XXI

Como já aqui falámos, durante o século XIX a joalharia de luto era uma realidade. Construída como objecto de memória, recordando os mortos com recurso à simbologia ou utilizando madeixas de cabelo dos falecidos, era indispensável na celebração do luto na época vitoriana.
Apesar de ter sido muito comum nessa altura - e prova disso é a quantidade e diversidade de artefactos que chegaram até aos nossos dias - a produção de jóias de luto perdeu-se com a chegada do século XX, resultado de uma forma completamente diferente de vivênciar a Morte.

No século XXI esta prática regressou num novo formato - menos óbvio - onde os restos mortais resultantes da cremação dos cadáveres podem ser utilizados como base carbónica para a produção de diamantes sintéticos.
Este é uma das formas, não de eliminação de cadáver, como também já falámos antes, mas sim um forma de tratamento de parte as cinzas resultantes da cremação.

Até há pouco tempo pensei que esta prática estivesse ainda restrita à América, onde apareceu, mas aparentemente também por cá é já possível guardar a memória dos nossos entes queridos numa dessas pedras eternas, uma vez que a agência Servilusa já disponibiliza este serviço.
Neste caso, e tal como na joalharia de luto do século XIX, a matéria prima são apenas madeixas de cabelo.

O processo de sintetização destes diamantes é curioso e a LifeGem descreve-o.
Aparentemente, durante o processo de cremação, o carbono existente nas cinzas é captado sobre a forma de um pó escuro, que posteriormente aquecido para criar grafite. Essa grafite é tratada em laboratório e utilizada na sintetização dos diamantes.

Segundo a LifeGem, a captação de carbono durante o processo de cremação não impede a produção de cinzas (cremains) e de um mesmo cadáver podem fazer-se diversas pedras. Também os animais de estimação podem ter este tratamento.

Sem dúvida, estamos perante joalharia de luto do século XXI.


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