9.2.11

Falecidos Famosos: Chopin

É inevitável que um weblog dedicado à Tafofilia mencione Frédéric Chopin (Α:1810 - Ω:1849). Chopin foi um brilhante pianista polaco, professor de música e compositor de excelência; é graças a ele que o piano passou a ser visto como um instrumento a solo. Aquela que é, talvez, a mais célebre de todas as marchas fúnebres foi composta por Chopin. Aliás, todos os seus Nocturnos têm qualquer coisa de lúgubre, de funerário, na sua sonoridade de cadências lentas e graves, mesmo os que se poderiam considerar mais animados.

Chopin nasceu na Polónia, mas abandonou a terra natal aos vinte anos. Morreria antes de completar quarenta, em Paris, rodeados de amigos e admiradores, mas sem o seu grande amor: George Sand, a controversa romancista do século XIX.

A relação entre Chopin e Sand foi muito comentada na época e terminou em 1847, dez anos depois de se ter iniciado, na sequência da publicação de Lucrezia Floriani em 1846, onde Sand retrata o seu romance com Chopin, apresentando-o numa luz muito pouco simpática e chamando a si o papel de mártir.

Apesar disso, consta que o golpe final na relação esteve relacionado com Solange, filha de George Sand, muito acarinhada por Chopin. Os motivos diferem consoante a fonte: alguns defendem que Chopin tomou o partido de Solange e o marido, o escultor Auguste Clesinger, face a questões de dinheiro, contra Sand; outros dizem que Chopin não gostava de Clesinger, considerando-o mesmo um escroque, e que se opunha ao casamento dele com Solange, mas Sand via o enlace com bons olhos.

Chopin foi um homem doente, continuamente enfraquecido por uma crónica doença pulmonar - que à altura se julgava ser tuberculose, mas que actualmente se concluiu por fibrose quística - que acabou por o vitimar no regresso de uma "tour" pelo Reno Unido. O seu coração, de acordo com o último desejo, foi retirado, preservado numa urna de cristal e enviado para Varsóvia, onde se encontra até hoje. Foi poupado da destruição da cidade durante os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial por um General da SS. Mais tarde foi devolvido à cidade e encontra-se na Igreja da Santa Cruz.



Outras das últimas vontades do pianista foi ter o Requiem, de Mozart, tocado no seu funeral. O facto da igreja não aceitar cantoras femininas obrigou a um adiamento da cerimónia por duas semanas, até chegarem a um acordo: as cantoras actuariam cobertas por um pano negro, para não serem vistas. Junto ao túmulo, enquanto alguns cobriam o caixão com terra trazida da Polónia, tocou-se a sua Marcha Fúnebre Op. 35.

A penúria em que se encontrava no momento da morte levou a que o funeral fosse pago pelos seus amigos, que se reuniram no Cemitério de Père Lachaise para um último adeus: apareceram mais de 3 000 pessoas. Entre eles estavam Delacroix, Liszt e Victor Hugo; a ausência de Sand foi notada por todos.

Talvez por ironia, foi Clesinger quem foi chamado, na manhã de 17 de Outubro de 1849, para fazer a máscara de morte de Chopin, criando também moldes das suas talentosas mãos. Mais tarde, é também a este escultor que é encomendado o monumento que encima a campa do músico, uma das mais visitadas em Père Lachaise e sempre repleta de flores.
A recepção da peça de arte não foi calorosa e muitos críticos consideraram-na mesmo medíocre, lamentando que seja ela a marcar a última morada deste notável homem.

Se for a Père Lachaise, é uma visita obrigatória.

Sem comentários:

Enviar um comentário