7.2.11

Livros: Cemitérios, Jazigos e Sepulturas

Descobri este volume na bibliografia do excelente Dicionário da História de Lisboa, como uma das fontes para as entradas relativas a cemitérios. Também no Cemitérios de Lisboa: Entre o Real e o Imaginário este era um dos livros consultados, pelo que só me restou partir em busca deste volume, que imaginei difícil de encontrar por ter sido editado em 1963, numa edição de autor, com o apoio das Coimbra Editores, Lda.

Felizmente, num inesperado golpe de sorte, encontrei o livro na lista de um alfarrabista online e em menos de 24 horas tinha o volume comigo.

É, sem sombra de dúvida, uma obra de referencia. Da autoria de Vítor Manuel Lopes Dias, à altura secretário do Governo Civil do Porto, esta monografia tem o subtítulo de Estudo Histórico, Artístico, Sanitário e Jurídico e é, de facto, tudo isso.

O primeiro capítulo versa sobre ao hábitos de fúnebres humanos desde o inicio dos tempos até ao século XX, dando exemplos concretos e apresentado definições claras e concisas para quase todos os conceitos que estão relacionados. De uma riqueza e fundamentação robusta, este capítulo apresenta, por exemplo, todo o detalhe da revolta da "Maria da Fonte" fazendo referencia a diversos outros autores e obras que também versam sobre o assunto.

Relativamente à componente artística, começam por ser listados, descritos e ilustrados todos os sepulcros existentes em igrejas, conventos e catedrais portugueses, apresentando até uma justificação para o desaparecimento desta arte e claro, fazendo referencia aos escultores e obras de arte presentes nos cemitérios românticos portugueses: Prazeres, Alto de São João, Agramonte e Prado do Repouso.

No capítulo referente à componente sanitária é especialmente interessante observar as regras criadas para a selecção de locais onde edificar cemitérios, assim como todos os preceitos para a criação de campas e jazigos, tipologia de caixões e regras de tratamento. Refere até o tipo de vegetação a ser seleccionada e o porquê.

Por fim, toda a componente jurídica - até à altura - existente relativa a cemitérios e inumações.

Especialmente interessante é, também, perceber como o autor trata a questão da cremação ou incineração de cadáveres. É de recordar que esta monografia foi escrita em 1963 em pleno Estado Novo que, respeitando os preceitos católicos, proibiu a cremação, tendo criado a ideia de que o único forno crematório do país - construído no cemitério do Alto de São João em 1925 - se encontrava avariado e impossibilitado de funcionar. São mesmo apresentadas estatísticas que reduzem o número de cremações a uma a duas por ano, desde '25 até ao momento da "avaria" para justificar este não ter sido arranjado ou construido outro.

Um excelente trabalho que é, sem dúvida, incontornável.

4 comentários:

  1. Olá. Realmente é difícil encontra este livro: Cemitérios, Jazigos e Sepulturas.

    Estou escrevendo uma monografia sobre: Cemitério e sua interação com o Meio Ambiente: Cremação em foco. Estou precisando de material sobre hábitos fúnebres, para contextualizá-lo. No entanto não consegui encontrar o material indicado. Diante desta situação peso encarecidamente sua colaboração com envio ou sugestões de material.

    Meu E:mail: renatogeouni@yahoo.com.br
    Att: Renato José

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  2. Caro Renato,

    Confesso que encontrei este livro num rasgo de sorte - muita sorte! - e é muito bom.
    Proponho-lhe que o procure em alfarrabistas portugueses online, enviando email com o título que pretende adquirir, uma vez que existe uma rede de comunicação entre alfarrabistas que permite localizar e adquirir objectos mais raros.
    Os preços são mais altos, como imagina.

    Se o seu interesse está mais relacionado com o processo de cremação, confesso que não tenho muito material, uma vez que o meu interesse está mais ligado à criação e manutenção dos cemitérios românticos - vitorianos - criados nos séculos XVIII e XIX.
    Ainda assim, vou dar uma vista de olhos nos índices do material que tenho em casa e colocarei aqui a lista dos livros que me parecem ser do seu interesse.

    Desejos de bom trabalho.

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  3. Olá a todos.

    Ontem encontrei este livro num alfarrabista da avenida do Uruguai, em Benfica, Lisboa. Está um pouco gasto e custa 15 euros. Não o comprei...ainda.

    Cumprimentos

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  4. É aproveitar.
    A minha cópia foi bem mais cara, infelizmente, e é um livro que não se encontra com muita facilidade.

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